Patrimônio histórico : casario da Faria Santos no bairro Petrópolis.(foto: Moradores Petropolis) |
Advogado e servidor público municipal na região metropolitana, Sr. Álvaro Arrosi reside em Petrópolis há mais de 30 (trinta) anos, é proprietário de casa no bairro e sua família também é proprietária de outra casa na região. Possuem duas casas no bairro Petrópolis.
" Ao EPAHC - SMC
Sou advogado e servidor público
municipal na região metropolitana, resido em Petrópolis há mais de 30 (trinta)
anos, sou proprietário de casa no bairro e minha família também é proprietária
de outra casa na região. Temos, portanto, 2 (dois) imóveis (casas) no
Petrópolis.
Assim, é com satisfação que
parabenizo o trabalho de inventário de imóveis do bairro e registro o meu apoio
à medida administrativa em comento, cujos reflexos vão muito além da simples
preservação de imóveis, eis que vem em encontro à preservação da paisagem, da
cultura, da arquitetura, do ar, da avifauna e do espaço público no bairro,
contribuindo sobremaneira para a qualidade de vida em Porto Alegre.
Contudo, infelizmente, tenho
observado irresignação de alguns proprietários de imóveis abarcados pelo
inventário.
A contrariedade em questão, pelo que
observei de debates em fóruns da internet e, sobretudo, em recente encontro na
Praça Mafalda Veríssimo, restringe-se a alguns proprietários (em um número que
não chega a 10% do número de bens inventariados), muitos, em geral, idosos, que
temem por desvalorização, argumento este instigado por integrantes da
construção civil infiltrados no grupo, apoiados por políticos que encontraram
na questão uma oportunidade para exposição.
Preocupa-me, que uma movimentação
deste tipo, possa alcançar outros proprietários e outros segmentos da
sociedade, considerando-se a fragilidade de muitos que se deixam levar por
argumentos referentes à alegada desvalorização dos bens e do entorno.
Petrópolis tem suas peculiaridades
que lhe caracterizam e merecem ser preservadas. Ainda há no bairro muito a ser
preservado, características estas que mesmo a explosão imobiliária das
últimas décadas não conseguiu descaracterizar, destarte, é fundamental a medida
do inventário que mantém o que há de mais importante para Petrópolis continuar
existindo com suas características próprias e tão valorizadas.
Na verdade, uma visão mais acurada,
claramente demonstra que o inventário não implicará em desvalorização para os
proprietários das casas objeto da listagem.
Isso porque, Petrópolis jamais
deixará de ser requisitado e valorizado justamente por manter suas
características originais, ruas arborizadas, casas ajardinadas, árvores
frutíferas nos pátios, arquitetura de casas modernistas, art déco e
colonial espanholas/californianas em conjuntos de residências, que se
encontram, sobretudo, no eixo Av. Protásio-Av.Ipiranga.
Estas casas são referências do
bairro, que somados à localização privilegiada e natureza mista e autônoma -
residencial/comercial - caracterizam e valorizam a região; some-se a isso, a
própria existência dos edifícios das últimas décadas, os prédios de alto
padrão. Isso porque, não se pode negar que, ressalvadas exceções, algumas das
novas edificações acabaram por valorizar o bairro, conferindo-lhe movimento e
refinamento.
Entretanto, a construção desses
prédios deve ser moderada, de modo a respeitar as características originais do
bairro que o valorizam e, neste contexto, é que sobrevém com perfeição a figura
do inventário dos imóveis.
Ou seja, Petrópolis se valoriza com
os inventários, pois permanece aberto às modernizações e alterações. Isso
porque há muita área ainda para se edificar no próprio bairro Petrópolis, cabe
lembrar que é dos maiores bairros da capital, mas garantindo sua sobrevivência
com reserva de suas características que o fazem admirado e requisitado para
moradia.
As casas inventariadas como de
estruturação e compatibilização, ademais, não implicam na tão alardeada
desvalorização.
Não há dúvida, mas poucos ainda têm
esta visão em Porto Alegre, de que tais imóveis oferecem muito mais recursos
que os apartamentos de meio metro quadrado vendidos por centenas de milhares de
reais por oferecerem piscina, ofurô, academia e demais itens de uso coletivo e comunitário, além da
alardeada falsa segurança.
Esta ideia de que as casas valem
unicamente pelo terreno e não pela qualidade de vida que proporcionam é
situação há anos trabalhada pela construção civil no fito de levantar terrenos
para mais e mais construções, pensamento este que, infelizmente, está arraigado
em muitos proprietários de casas, sobretudo os menos atentos à astúcia dos
especuladores do mercado imobiliário.
De mais a mais, a partir do
inventário, fica a segurança de que não haverá, frente às casas inventariadas,
desvalorização proveniente de lote lindeiro, tal qual ocorrido com muitas
residências e até edifícios, maculados por construções vizinhas que lhe tiraram
a claridade, visibilidade, privacidade e conforto.
Cabe lembrar, que muitos
proprietários de casas já se depararam com seus bens cercados por edificações
construídas nas divisas ou em altura desproporcional onde antes havia pátio com
farta vegetação, tolhendo-se a iluminação, estética e privacidade, ocasionando
– este fato sim – expressiva desvalorização imobiliária do bem.
Perdurando o inventário, o mercado
continuará buscando o bairro Petrópolis, justamente pela preservação de suas
características que o fazem visado, para as quais, sem dúvida, as casas
inventariadas em muito contribuem.
Com isso, se valorizarão todos os
imóveis existentes no bairro, por força de uma regra básica de mercado: a
diminuição da oferta frente ao constante aumento da demanda. Estar-se-á, ainda,
se evitando a saturação de imóveis e trânsito nesta região.
De outra banda, não prospera qualquer
argumento de que Petrópolis ficará abandonado ou estagnado, pois há muito já
detém autonomia, comércio e elevado fluxo de pessoas e veículos decorrentes do
grande número de edificações multifamiliares que vem sendo construídos na
região e do aumento de áreas reservadas à atividade profissional e comercial.
Por sua vez, com a limitação de novas
construções nas áreas inventariadas as casas por sua condição de imóveis de
estruturação ou compatibilização, estarão resguardadas de depreciações oriundas
de construções em lotes contíguos e se ressaltarão como opção para investimento
de moradia familiar e não apenas como um conjunto de lotes aptos à demolição e
construção de edifício.
Ainda, os imóveis já existentes,
casas e apartamentos, não listados, por estarem inseridos neste contexto de
área preservada terão seus valores maximizados.
Em suma todos ganham e ganha a
qualidade de vida da capital."
Att.,
ÁLVARO JÔFFRE SOUZA ARROSI
E onde está a igualdade? Então que se inventarie o bairro todo.
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